Domingas Tavares |
As
cinco da manha, horário em que muitas pessoas se encontram num sono profundo e
relaxante e alguns desligam o despertador e ficam apertando a cabeça no
travesseiro, pensando “vou dormir mais dez minutos”… é neste exacto momento que
a Domingas Miranda Tavares mais conhecida como “nha Diminga” sai à rua sem preguiça
nenhuma à procura do meio de sobrevivência.
Nha Diminga
é uma mulher batalhadora, meiga, simpática e exemplar criou e cuidou dos seus
seis filhos sozinha, isto é, é mãe e ao mesmo tempo chefe de família. Nha
Diminga é natural de São Salvador do Mundo “ Picos”, depois de ter três filhos
decidiu mudar para cidade da Praia, morava com os pais e após a morte tinha de procurar outros “ramos de
vida”.
Nha diminga esta a morar na praia
desde 1996 veio porque acreditava que estando na cidade a sua vida ia mudar,
mas só que os flagelos que ela encontrou eram tantas que não conseguiu
ultrapassa-los todos. Inicialmente queria que o filho maior continuasse os
estudos mas só que não foi possível porque os meios que ela tinha não dava para
alimentar os filhos, pagar renda, e ainda para pagar as despesas do menino na
escola. Mesmo assim não desanimou com a vida trabalhou na obra e as vezes fazia
alguns “biscaites”. “Passei muito mal depois que vim para praia mas não penso
em tornar a morar em Picos, salienta a batalhadora.
Sacos cheias de Garrafas |
Nha
Diminga sai todas as madrugadas, tardes e noites à procura do seu bem precioso,
isto é, de garrafas. Esta mulher não deixa escapar nenhuma garrafa à sua vista,
qualquer um para ela é “ouro”. Para muitos a garrafa é um lixo que pode ser reciclado
mas para ela é o ganha-pão, isto é, o seu meio de sobrevivência. Com a ajuda
dos filhos consegue recolher centenas de garrafas, depois da colheita tem de
lavar e só depois fazer a entrega ao senhor Berculino que é distribuidor de
grogue.
A
cinco anos atrás deu entrada com os documentos na Câmara Municipal da Praia à
procura de emprego, “pedi ao Ulisses Coreia e Silva que me deixasse trabalhar
mesmo como varredora de rua, para ver se conseguia garantir o que comer aos
meus filhos” mas só que a idade não permitia porque já possuía 55 anos.
O
maior sonho desta mulher é ter a sua própria casa, ver seus dois filhos menores
a se formarem. Fez a inscrição para Casa Para Todos mas só que não foi
seleccionada.
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